sábado, 30 de junho de 2012

Simples assim. Eu quero.

Quero um amor. Não quero um amor de novela, ou um amor perfeito como nos filmes. Quero um amor com todos os seus defeitos, qualidades, erros e tropeços. Quero um companheiro, que me dê um chocolate quando eu estiver na TPM, que me escute quando eu quiser reclamar da faculdade, que me ature quando eu chegar cansada e estressada do trabalho. Quero um parceiro, que não faça o que eu faço, mas que me apoie nas decisões que eu tomar. Quero um amigo, que vá a qualquer lugar comigo e não reclame, que dê risadas com meus amigos e colegas, que vá ao shopping e aguente horas de indecisão feminina e ainda se divirta com isso. 
Eu quero uma fortaleza, onde eu possa me aconchegar e sentir que o mundo não pode encostar em mim, porque ali eu estou protegida. Quero um ídolo, em quem eu possa me espelhar e tomar decisões corretas sobre qualquer assunto da minha vida. Quero um conselheiro, com quem eu tenha a liberdade de falar sobre o que eu tiver vontade, sem vergonha, sem pudores, sem pensar doze vezes em cada palavra. Quero um confidente, em quem eu possa despejar meus mais íntimos sentimentos sem medo de repreensão ou incompreensão. 
Preciso de um ombro, o qual esteja sempre ali quando eu precisar chorar, seja porque briguei com minha amiga, porque tirei nota baixa na faculdade ou simplesmente por precisar. Preciso de um suporte, onde eu possa construir um mundo inteiro em cima, e que eu tenha certeza de que é forte o bastante para aguentá-lo.  Preciso de um sentimento, o qual eu sinta a cada minuto do dia, a cada respiração, a cada piscada, em cada poro, em cada palavra, em cada gesto. Preciso de uma confiança que se constrói aos poucos, mas que é forte o suficiente para não ser abalada por infantilidades e assuntos mal resolvidos. Preciso de uma palavra, um gesto, um carinho, um beijo, uma verdade.
Quero uma utopia, talvez. Mas quero. Preciso. Quero poder me sentir livre e, ao mesmo tempo, sentir que alguém se preocupa comigo. Quero ficar ansiosa, esperando um telefonema. Quero ficar tímida com um elogio ou um olhar. Quero ficar sem chão ao chegar perto. Quero sorrir sem medo e sem falsidade. Quero algo verdadeiro. Quero um amor do jeito que deve ser, do jeito que ele é feito para ser, do jeito que eu quero.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

"It's up to me, coração"

http://www.youtube.com/watch?v=VCV2kd7w77Q


"Rapte-me, camaleoa.
Adapte-me a uma cama boa.
Capte-me uma mensagem á toa.
De um quasar pulsando lôa.
Interestelar canoa.


Leitos, perfeitos,
seus peitos direitos
me olham assim.
Fino, menino, me inclino
pro lado do sim.


Rapte-me.
Adapte-me.
Capte-me.
It's up to me, coração.
Sem querer ser,
merecer ser um camaleão.


Rapte-me, camaleoa.
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas."


(Rapte-me Camaleoa - Caetano Veloso)

Essa música é cheia de coisas e de nada, não é?
Não sei, mas desde que a ouvi no programa da Regina Casé, nas vozes de Caetano Veloso e Maria Gadú, me apaixonei perdidamente por essa música. "Rapte-me, adapte-me, capte-me", me conquistaram de um jeito maravilhoso! Caetano é só amor, e isso cativa as pessoas. O Caetano como pessoa, honestamente, não me atrai muito, não. Mas ele tem uma inteligência, uma vivência de quem passou pela ditadura, por exemplo, de cabeça erguida, lutando e desafiando como podia, e hoje está aí, cantando, escrevendo, fazendo, vivendo, e feliz. 
Mesmo nas épocas difíceis, ele e tantos outros conseguiram escrever músicas belíssimas que todos conhecem ainda hoje, décadas depois, e músicas falando sobre amor. Nós, hoje, somos tão acomodados que não existem mais artistas assim, escritores como mesmo Caetano, mas Vinícius de Moraes, Machado de Assis, não existem mais. Piorando um pouco mais a situação da sociedade moderna, as obras de artistas tão consagrados são esquecidas, deixadas de lado, ignoradas, enquanto letras como 'ai, se eu te pego' são tratadas como sucessos que durarão séculos. Sempre tive uma vontade louca de conhecer tais 'figurões' da música e da literatura brasileira, e apenas pedir-lhes que me contem suas histórias. 
Uma insaciável vontade de aprender sempre algo novo, algo diferente, algo intrigante... Eu queria saber escrever músicas, poemas, histórias, contos, de amor, de esperança, de felicidades, mesmo em meio a tempos difíceis. Eu gostaria de ser capaz de pensar, refletir, querer, fazer um dia melhor que o outro, apesar das coisas ruins e pessoas contrárias que existem. Eles tinham essa capacidade, eles o conseguiam com tal facilidade e vontade, e talento, e força, e conhecimento... Com tudo o que falta nas escritas de hoje.
São letras e letras, palavras e palavras, todas com mensagens, com significados, falando da felicidade que não é impossível de ser alcançada, do amor verdadeiro e infinito que ainda existe no pior dos tempos, da esperança que não pode morrer dentro de cada um de nós, do futuro que sempre brilha e só depende da vontade de cada um, de um mundo bom que espero um dia existir.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Celebrar a pureza.

Dia dos namorados não é necessariamente uma data para se comemorar um relacionamento, mas uma época para se comemorar o amor. Existem várias histórias sobre o dia de São Valentim, dia no qual se comemora o dia dos namorados (oficialmente, no dia 14 de fevereiro), mas a mais consistente é de que um imperador proibiu a realização de casamentos, na tentativa de atrair mais guerreiros para seu exército. Valentim era um padre e continuou realizando casamentos em segredo, até que o imperador descobriu e mandou torturá-lo e executá-lo. Um mártir e um defensor do amor e suas manifestações, virou santo e hoje seu dia é comemorado por todos os casais do mundo.
O problema, a meu ver, é que as pessoas se concentram em comemorar o relacionamento ao invés de celebrar o amor. Sentir-se feliz ao ouvir uma voz, ao sentir um cheiro peculiar, ao olhar nos olhos de alguém, sentir-se feliz à simples presença de alguém é uma sensação muito diferente de qualquer outra já percebida. Ainda lembro o que eu sentia quando gostava de alguém. Quando o via se aproximando, as mãos começavam a suar, o coração palpitava de nervosismo, parecia que se tornava difícil respirar, as palavras tão ensaiadas ficavam com medo de sair, os pensamentos se tornavam turvos, e um sorriso se formava em meus lábios tão natural e instantaneamente. Tudo impossível de segurar, como é o amor, como é a paixão.
Cientistas querem nos convencer de que a paixão é apenas uma reação química do nosso corpo. Pode até ser, mas ninguém nega que é um misto de sensações, emoções, pensamentos e atitudes tolas. O que não se comenta muito é sobre os outros tipos de paixões. Uma pessoa não se apaixona apenas por outra pessoa, mas pode se apaixonar pela vida, pela profissão, pela escrita, pela leitura, pelas artes... E tem as mesmas sensações. Digo isso por experiência própria.


Eu sou extremamente apaixonada por livros. Fico feliz em pegar um livro em minhas mãos, em abri-lo, poder decifrar aquele conjunto de linhas pretas que formam letras, que formam palavras, que formam frases, que formam capítulos, que formam livros. Uma história diferente a cada livro, uma emoção diferente a cada página, uma lágrima, um sorriso, uma excitação. Com palavras, posso ficar irritada, angustiada, nervosa, excitada, feliz, empolgada, triste, piedosa, indignada... Sou apaixonada, e não é por outra pessoa, é por um livro, ou por livros. Sou promíscua? Agora que eu percebi que até que sou. Não sou apaixonada por um livro, mas por todos eles, pelas diferenças de capas, de texturas, de tamanhos, de letras, fontes, cores, cheiros, idades, personagens e mundos diferentes em que posso mergulhar sem ser atingida pelas facetas do mundo real.
Nesse dia dos namorados, eu vou celebrar o amor. Mas o amor em sua forma mais abrangente. O amor puro, verdadeiro, que pode surgir de qualquer coisa, a qualquer momento, sem qualquer motivo, em qualquer pessoa. Eu nunca celebrei um relacionamento. Os dias dos namorados que passei com alguém foram dias como outros quaisquer, sem presentes ou surpresas. Portanto, aprendi com a vida a celebrar o que é importante, o que nos faz feliz. O amor é honesto, sem preconceitos, puro, inocente, piedoso, confiante, imutável, infinito, prudente... Impossível descrever o amor, ou ditar todas as suas características. O amor é sempre correto, não importa como, quando ou com quem aconteça. O relacionamento pode não acontecer, mas o amor é o sentimento puro que não se pode controlar.
Celebre o amor, o que é puro e verdadeiro, o que é real e sincero. Celebre a vida, a capacidade de sentir, de respirar, de ver, ouvir e exclamar sentimentos, a possibilidade de repensar uma atitude, de pedir perdão e de perdoar. Celebre o brilho no olhar, o tremor nas pernas, o medo de o sentimento acabar, o conforto, a tranquilidade, a companhia, o cheiro, o toque... Celebre o bom da vida. Celebre o que faz viver. Celebre o amor.