Ela ficou olhando seus punhos purpureando enquanto suas mãos
empalideciam. Aos poucos, seus olhos ficaram pesados e ela sentia vontade de
fechá-los, mas ainda conseguia resistir. Queria ver todas as etapas, todos os
passos, tudo que pudesse. Suas mãos tremiam. “Como é rápido!”, pensou.
Não, sua vida não passou em frente aos seus olhos em poucos
segundos. Ela não viu seu primeiro amor, sua primeira decepção, sua primeira
mentira, seu primeiro beijo ou sua primeira bebedeira. Ela mal se lembrou de
sua mais recente refeição, dos olhos mais lindos que já vira, do seu livro
preferido ou do maior amor que já sentira. Isso é coisa de filme. Na vida real,
esse momento é mais egoísta do que parece.