quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O motivo não importa mais

Ela ficou olhando seus punhos purpureando enquanto suas mãos empalideciam. Aos poucos, seus olhos ficaram pesados e ela sentia vontade de fechá-los, mas ainda conseguia resistir. Queria ver todas as etapas, todos os passos, tudo que pudesse. Suas mãos tremiam. “Como é rápido!”, pensou.

Não, sua vida não passou em frente aos seus olhos em poucos segundos. Ela não viu seu primeiro amor, sua primeira decepção, sua primeira mentira, seu primeiro beijo ou sua primeira bebedeira. Ela mal se lembrou de sua mais recente refeição, dos olhos mais lindos que já vira, do seu livro preferido ou do maior amor que já sentira. Isso é coisa de filme. Na vida real, esse momento é mais egoísta do que parece.