segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Listinha de Ano Novo.


Todo ano chega ao final. Fevereiro sempre sucede Janeiro, até chegar a Dezembro que, por sua vez, termina, dando lugar a mais um Janeiro. E qual é a grande importância dessa mudança? Nenhuma. Mudará apenas o último número que você escreve no canto superior direito da folha do caderno, ou nas últimas linhas do relatório do trabalho. E este ainda será o mesmo por apenas 12 meses, mudando novamente.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Instrumentos e exploração.


                Muitas vezes me deparo olhando para minhas mãos, fico pensando na quantidade de coisas que elas já fizeram por mim. O que já toquei, já peguei, apertei e toquei de novo. Se elas pudessem falar, seria, no mínimo, constrangedor. Foram peitos, bundas, chopp´s, jägermeister, sinal de rock´n´roll, toquei em tantas outras mãos, que também já haviam feito tantas outras coisas antes.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Lembrei-me de você.


Eu estava pensando em você, meu amor. A lua está cheia. Lembro aquelas noites de caminhada à luz da lua, de mãos dadas. Faz tanto tempo! Você lembra? Acho que não. Passei o dia pensando em você. Queria poder te ver hoje, ir à praia e caminhar ao seu lado mais uma noite.
Eu olho para a lua e parece que ela fala comigo. Vejo como num filme em minha mente, nós nos beijando debaixo de um céu estrelado, na noite em que nos conhecemos. Era lua cheia também. Como era também no nosso casamento. Ainda acho engraçado quando lembro que eu insisti que fosse numa noite de lua cheia, igual à nossa primeira noite juntos. Você sorriu e disse que achava perfeito. Parece que posso vê-lo entrando na Igreja, de terno cinca-escuro, como se você estivesse saindo da lua. Vejo-o caminhando em minha direção como naquele dia, olhando para mim, e sorrindo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Incontrolavelmente proibido.


Quando suas mãos macias e firmes me tocam, fecho meus olhos. Sinto seu hálito em minha nuca e seu corpo contra o meu. Estou em pé, apoiada na parede, enquanto ele me abraça por trás. Fui surpreendida por ele. Sua boca quente beija meu ombro, enquanto usa sua língua molhada para sentir o gosto da minha pele. Meus pêlos se arrepiam no mesmo instante. Ele usa as mãos para levantar minha blusa e acaricia minha pele. O toque é gentil, mas seguro.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Conheci alguém


Não dormi a noite toda. Era véspera do meu casamento. Eu e meu noivo fomos namorados de colégio e sempre estivemos juntos. Aquele casal que todos diziam ser perfeito, num relacionamento onde não existiam brigas, ciúmes ou desconfianças. Por sermos sempre muito sinceros, não existiam joguinhos ou mentiras. Assim, o relacionamento durou e foi fortalecido, junto com o nosso amadurecimento. Crescemos como pessoas e como casal, como filhos, como colegas e como profissionais. E o fizemos juntos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Promessas e covardias


 O nervosismo consome meu corpo e já fica difícil respirar calmamente. Meu coração parece uma bateria de escola de samba e minhas mãos suam de maneira descontrolada. Os olhos brilham, as pernas tremem e os lábios se abrem num largo sorriso. A mente se esvazia de tal maneira que mal consigo formular frases coerentes. Inevitável. Quando ele se aproxima, fico assim. Sempre. E ele nem percebe.
                Se ele nota esses ridículos indícios de uma tórrida paixão, existente há tantos anos, ele nunca comentou. Talvez não sinta o mesmo e esteja receoso em me magoar, falando sobre esse delicado assunto. Ou ele realmente não percebeu. Será? Mas está tão estampado nas minhas expressões, como se houvesse um letreiro na minha testa, piscando em luzes NEON: “EU TE AMO!”.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Onde existe o simples



Hoje acordei meio estranha. Acordei com uma vontade um tanto inédita e diferente. Não é bem uma vontade, é como um desejo. Algo involuntário e necessário. Um apetite não tão incontrolável, mas impossível de passar despercebido. Como se num sonho e só existisse esse sentimento, esse interesse, essa impulsividade. Hoje acordei com desejo de amar.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Aprecie as etapas


               Você se apaixona, mas não quer continuar com a paixão. Acha que vai se machucar. Então, encontra coragem e segurança lá no fundo de seu ser e consegue: se entrega. Dá um passo à frente e realmente vive uma paixão enlouquecedora e intensa, tão maravilhosa que você quer ficar ali, naquela cama quente, entrelaçada ao seu amor por toda a eternidade. Até que a vida aparece, lhe joga um balde de água fria e a arranca desse lindo sonho de nuvens cor-de-rosa, trazendo-a de volta à realidade.
                Logo, você sente como se seu coração estivesse despedaçado, para dizer o mínimo. O “luto” pela paixão mal resolvida vem nas etapas tão conhecidas e mal apreciadas. Primeiro, vêm as lágrimas, os gritos, as músicas melosas e a revolta pelo término forçado. Você quer apenas ficar em casa, embaixo das cobertas, assistindo a filmes românticos e, de preferência, trágicos, para poder compartilhar a dor, mesmo que com um personagem inteiramente fictício.
                A parte mais conhecida é o contrário da inicial, descrita anteriormente. Agora, você quer sair, mostrar para o mundo – e para o ex – que é mais. Mais o quê? Mais tudo! Mais inteligente, mais simpática, mais bonita, mais esperta e, acima de tudo, que está muito melhor sem ele. Em vão, é lógico. Você até pode ser mais muitas coisas, mas já terminou, então de que adianta tudo isso? Eu respondo: não adianta. Mas você faz assim mesmo. Vai a festas de terça a domingo, guardando apenas a segunda-feira para o dia da ressaca. Até o chefe percebe que alguma coisa está acontecendo de diferente. Não importa o tipo ou local da festa, você apenas quer estar lá e tirar muitas fotos para publicar nas redes sociais (abertamente, claro) e provar que você está bem. Mas você não está.


                Quando percebe que essa vida de bebidas, festas, danças e “pegação” não está fazendo o sentimento melhorar, começa a refletir sobre a vida. Lê livros voltados à superação e à auto-ajuda, pede conselhos aos amigos e muda de perspectiva. Dessa vez, não é apenas aparência, mas você tenta mesmo mudar seus pensamentos e atitudes. Investe em si, compra roupas novas, acessórios, volta sua atenção ao trabalho e aos estudos e não pensa muito em romance. Procura conhecer pessoas novas, adquirir novas experiências e aproveitar a vida tranquilamente.
                E você me pergunta se vai pensar muito nele? Vai. Bastante. Mais do que pensa agora. No começo, logo quando tudo acontece, até respirar vai fazê-la lembrar-se dele. A boa notícia é que, com o tempo, a vontade de vê-lo diminui, o desejo pelo seu cheiro acaba, você pesquisa o perfil dele nas redes sociais com menos freqüência. A saudade já não é um sentimento constante, apesar de continuar presente. Ela apenas vem de vez em quando e em momentos previsíveis.  
                Mas depois de todas essas etapas, dos choros incontroláveis, da raiva dele e de si, acontece algo que você não imagina. Você o encontra. Depois de tantos meses sofrendo, passando por todos os estágios imagináveis e possíveis do pós-término de relacionamento, você o encontra numa festa. E ele está acompanhado. O que realmente a surpreende não é encontrá-lo ou vê-lo bem, mas você estar bem. De repente, ele já não é mais o seu amor, aquele de quem você sente muita falta. Agora, ele é apenas o ex. E você não tenta mostrar que é melhor. Você é melhor. 

sábado, 18 de agosto de 2012

Como você a vê?



Ela levanta cedo, alonga o corpo, tranqüiliza a mente e sorri para o espelho. Pretende começar o dia de ótimo humor. Toma seu desjejum, arruma o cabelo, passa uma maquiagem leve no rosto e vai trabalhar. Ela traja uma roupa casual e profissional em seu dia-a-dia, mas nem existe a necessidade de muita produção. Ela é linda, mesmo ao natural.
Passa o dia com pensamento positivo, tentando ser cordial e precisa ao mesmo tempo. Faz seu trabalho de maneira quase perfeita e nunca reclama do que tem. Ela gosta de aprender tudo o que tem oportunidade, ensinar o que sabe, fazer novas amizades e sorrir sempre. Tenta dissimular quando o estresse ou a tristeza a encontram, não deixando transparecer que está num dia ruim. Mesmo quando aquela temível Tensão Pré-Menstrual resolve abatê-la, ela ergue a cabeça e diz a si mesma: ‘Eu estou ótima e continuarei ótima!’.
As amizades são poucas, mas verdadeiras o suficiente para não deixá-la sozinha quando precisa ou quando quer companhia. Ela caminha até o ponto de ônibus, após um exaustivo dia de trabalho, com porte firme e confiante, pois sabe que chama atenção do sexo oposto. Dentro do ônibus, não procura, não olha, não encara, não conversa. Ela pensa em si em todos os lugares, e apenas em si. O mundo é apenas o cenário. Ela é a atriz principal.

Chega a sua casa, janta e toma um banho quente e relaxante. Hidrata o corpo com cremes perfumados e começa a se arrumar. Hoje tem festa. Com um vestido que acentua suas curvas e de comprimento de um palmo acima do joelho, ela destaca os olhos e passa um batom vermelho na boca. Ela só pensa em se divertir. Sem a necessidade de muitos acessórios, já que seu corpo por si só é o detalhe e o principal, ela calça seus sapatos de salto alto e vai ao local de encontro com seus amigos.
Ela dança, brinca, ri, toma uma cerveja e não olha para o lado. Ela não dá importância ou atenção aos homens que a rodeiam. Os homens do local só têm olhos para ela e outras poucas que chamam atenção tanto quanto aquela mulher. Mas ela não pensa nisso. Ela não se impressiona com belas palavras ou passos de dança perfeitamente executados. A procura pelo companheiro continua, mas ela não quer um parceiro de festa. Ela quer um companheiro de vida.
O que nenhum daqueles tantos homens consegue ver é o que aquela mulher realmente pensa, como ela age, o que ela quer. Quem a vê confiante de sua beleza e de sua personalidade, caminhando na rua ou dançando com os amigos, não sabe que a insegurança reina em seu interior. Quando está sozinha, os pensamentos são negativos, e ela tenta lutar contra os mesmos. Deitada na cama antes de dormir, ela é como uma criança. Uma pequena menina que espera o beijo de boa noite da mamãe e a história do papai. Uma menina que apenas quer sentir que é protegida e amada, mas não sente.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Registro Apaixonado


Nunca pensei em transformar o gosto por fotografia que eu tinha em profissão, até que tive a oportunidade de aprender sobre todas as etapas de uma boa fotografia. Comprei uma câmera fotográfica e aprendi a ver com outros olhos aquilo que parece um simples papel (hoje, uma mera imagem numa tela de computador) com pessoas posando. Encontrei naquela máquina uma vocação, um destino, uma inspiração que veio de maneira inesperada, num momento inesperado.
Encontrei, com essa profissão, um gosto que eu não conhecia, uma vida a qual eu ignorava. Algumas pessoas têm esse amor pela leitura, porque um livro a faz mergulhar nas emoções que são descritas e nos mundos a que são apresentadas. Eu me emociono com as fotos, com os momentos capturados, com o processo de transformar uma cena inteira em apenas um segundo, com um clique, e transmitir neste toda aquela história.
Uma lente pode não mudar a visão para quem está na frente dela, mas estar por trás da lente de uma câmera é estar em outro mundo. Apaixonar-se por fotografia é apaixonar-se pela vida, pelas cores, pelas expressões, pelos detalhes. Quando se vê uma fotografia, não se vê o trabalho que teve o profissional, mas o resultado. E esse resultado depende apenas do esforço e da paixão de seu responsável.



Quando eu fotografo, não procuro a pose forçada da modelo internacionalmente conhecida. Gosto de captar a mudança do tom da íris verde do olho de uma criança, que fica azul quando ela olha para o sol. Fico fascinada quando consigo registrar uma gargalhada dada com vontade e sem preocupação. Emociono-me quando aperto o pequeno botão no exato momento em que a primeira lágrima rola na face de um pai ao ver o nascimento de seu primogênito. São momentos impagáveis que ficam gravados na memória dos protagonistas, e eu dou a eles uma chance de registro que os possibilita compartilhar essa lembrança com quem não estava presente. É simplesmente apaixonante.
É revigorante poder participar de diferentes mundos através de suas imagens. Captar o vôo de liberdade da andorinha, o rugido forte do leão, a dança das ondas do mar, o beijo dos noivos ao altar, o sorriso do bebê ao reconhecer a mãe... São belos momentos que passam para você, mas que eu registro para durar uma eternidade.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

E a intimidade.

'Droga, cadê o isqueiro?' Odeio quando faço isso. Sempre perco meu isqueiro em meio aos seus lençóis. também pudera! Parece que ele faz de propósito. Eu atendo o telefone e é ele, com aquela voz calma e tom sedutor, me convidando para tomar um vinho. Quando chego e vou acender um cigarro, lá vem ele, mal me deixando respirar, sequer me deixando pensar! Já beija minha boca, me aperta e me chama de gostosa. Assim, meu isqueiro sempre acaba perdido nos lençóis macios daquela cama fofa, enquanto ele dorme um sono tranquilo de quem já aliviou as tensões.
E eu fico vagando em pensamentos, olhando o céu noturno na vista privilegiada do apartamento dele, enquanto ouço seu ronco. Nossa, e como ele ronca! Não somos namorados, mas nos damos bem em qualquer momento. Acho legal que temos essa liberdade, essa tal intimidade que tantos receiam. Podemos ficar juntos ou separados sem constrangimentos, joguinhos entediantes de sedução ou palavras inapropriadas. Temos o lado bom, os momentos gostosos, as risadas e as malícias, mas sem o peso do compromisso, das cobranças e do embaraço. Ponto positivo! Pensando nisso, acendo meu cigarro. Aquele que tentei acender quando cheguei. Nua e sem vergonha, sento-me na cadeira ao lado da cama, admirando uma lua cheia perfeita e apreciando cada tragada. Até ele acordar.




Levanta, dá uma mordida em minha coxa e me rouba o cigarro. Apesar de sermos apenas amigos, somos grandes amigos. Amigos íntimos o bastante até para fumar nus. E assim, sentado na cadeira à minha frente, ele fica me olhando, tentando me deixar envergonhada. Abrindo aquele sorriso maravilhoso, ele diz que eu engordei uns quilinhos, mas que  gostou mais assim.
Ah, e ainda acaricia meus seios entre cada tragada. E dá gargalhada, contando as histórias do trabalho e das festas que ele vai. Acendo outro cigarro, já que o primeiro eu perdi, e continuo vendo suas encenações e achando ridículo um homem completamente nu tentando imitar o chefe dando uma bronca bizarra num estagiário. Mas as risadas são maravilhosas!
O cigarro acaba, eu volto para a cama e deito de bruços. Ele adora isso, e adora me assustar, deitando em cima de mim. Um apertão no quadril. Uma mordida na nuca. 'Gostosa' sussurrado ao pé do ouvido. Ele não dormirá mais essa noite. Eu também não. Talvez, nem o vizinho.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Um vidro quebrado.


Um gole. Um soluço. Uma lágrima. A ordem era praticamente essa naquela noite. Sentada no sofá da sala, sozinha, com a garrafa de vinho no chão ao meu lado, eu bebia sem pensar. Ou pensava também. Difícil de lembrar. Já era a terceira garrafa daquele vinho barato e doce que deixa na boca um gosto misturado e saboroso, e com o qual não sinto quando perco os sentidos. E eu precisava disso. Precisava perder os sentidos.
Simplesmente, precisava. Não sei por que, como, onde, quando. Só sei que precisava e fiz. Fui a pé ao mercado do bairro e comprei seis garrafas de vinho, uma barra de chocolate, uma caixa de lenços descartáveis e uma taça. Quebrei a minha na parede tentando acertá-lo. Lembrando do que aconteceu apenas horas antes, rolei de rir. Assistir àquela cena seria cômico ou trágico. Escolhi a comicidade. 


Ele veio como um gato, silenciosa e alinhadamente, com aqueles olhos grandes, verdes e brilhosos, me contar uma novidade. Uma amiga estava grávida. Até aí, tudo bem, apesar de eu não gostar dessa amiga. Apenas um detalhe: ele era o pai da criança.
O chão sumiu. Empalideci. Não tive grandes reações. Nem sequer chorei. Só gritei, gritei como uma louca que acaba de descobrir que seu time ganhou a Copa Libertadores da América. Pelo menos, os decibéis foram parecidos. E joguei nele todas as taças que estavam em cima da mesa. Uma pena que minha pontaria seja péssima. Errei todas.
Fiquei sem taça. Uma hora depois, quando consegui recuperar a cor e a voz, fui ao mercado. De repente, já estava abrindo a terceira garrafa e não sentindo efeito nenhum. Fiquei só sentada no sofá tomando o vinho. Não pensava em muita coisa. Estava apenas me preparando. Não sabia exatamente para quê, mas estava me preparando.
Quatro garrafas vazias. Agora, sim, estou ótima. Não estava com raiva. Era determinação. Saí de casa. Um jardim. Uma porta. Um homem. Uma faca. Um pescoço. Um desmaio. Um espelho. Meu fim, mas fim dele também. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Solteira, sim. Sozinha...

O quê? Uma pessoa não pode ser solteira porque quer? Alguém me responde, por favor, quem falou para aquele carinha, que dançou duas músicas comigo naquela festa, que eu estou procurando um namorado? Não querendo ser grossa nem nada disso, mas quando eu falo que estou solteira, logo vem alguém 'todo se querendo' pra cima de mim, achando que eu estou a procura de um grande amor. 
Não que eu queira ser solteira para todo o sempre, só não estou no momento de querer curtir outra pessoa. Quero curtir a minha companhia, quero investir na minha carreira profissional e acadêmica, quero evoluir espiritualmente e intelectualmente. Não preciso de um marido para ir a uma festa e dançar até o sol nascer, como não preciso de um acompanhante para ir à confraternização da empresa e tomar 3 shots de tequila com o meu chefe, tampouco é necessário um peito cabeludo para eu deitar na cama com uma taça de vinho e um bom livro nas mãos. Não que seja proibido. Só não é necessário.

Então, a pessoa é legal com alguém que não deu uma cantadinha feita e ridícula, mas simplesmente disse 'Oi, quer dançar?' e esse tal, ao saber que ela é solteira, acha que se for um pouco simpático vai conseguir uma paixão repentina. Quem dera eu fosse romântica a esse nível! Não que eu seja anti-romantismo. Até gosto, mas na medida e na hora certas, e não esporadicamente e com qualquer pessoa. Sou direta e reservada com meus sentimentos, apesar da externa ser mais 'atirada'. 
Solteira, sim, e com convicção. Não tenho vergonha, problema, pudor em dizer que me viro muito bem sozinha, obrigada. Apesar de gostar de uma companhia, acho que nenhuma é melhor do que a minha. Passo horas conversando comigo mesma, escrevo textos, tomo um vinho, leio um belo livro e conto piadas a mim mesma. Não fico imaginando o dia em que me casarei ou em que conhecerei aquele homem por quem me apaixonarei à primeira vista. Tudo bem, isso varia de personalidade e opiniões, mas ainda prego e sempre pregarei que a melhor companhia de alguém deve ser a dela mesma. Ninguém melhor que você para entender suas angústias, felicidades, olhares e gestos. Assim como não há melhor que você para conhecer seu corpo, sua mente, suas palavras e seus textos (por que não?). 
Quando eu conseguir realmente me curtir, ser quem eu sou sem vergonha, admitir meus erros e pensamentos grotescos e saber aproveitar a minha companhia, talvez eu realmente procure alguém. Mas quero alguém que também saiba se aproveitar.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Saia curta. Romance também.


Loura, alta, seios fartos, bumbum arrebitado e coxas bem torneadas. Um corpo de dar inveja a qualquer mulher, rosto bem desenhado e delicado como uma boneca de porcelana. Eu a vi e quase caí duro, mas fiquei em pé. Duro, também. Ela ainda estava usando um vestidinho curtinho e coladinho, digno de ‘paniquete’ em ensaio fotográfico, mas nela fica mais feminino. Ah, ela me olhou.
Meus amigos já estavam babando por ela, mas ela olhou para mim e todos repararam. Demorei apenas alguns minutos para pegar uma bebida para ela (afinal, eu sei abordar uma mulher na balada) e fui falar com aquela loura exuberante. Novinha, ela conta apenas vinte e duas primaveras, mas lábios vermelhos e olhos verdes penetrantes. Meus pensamentos penetram nela de outras maneiras, mas não consigo desviar o olhar de seus olhos.
Conversamos, dançamos, paguei algumas bebidas e consegui levá-la comigo. Os camaradas que viram comemoraram como se fossem eles os felizardos da noite. Não a levei para casa, lógico. Mesmo morando sozinho, não levo menina de balada para a minha casa, sem ter certeza de que gosto da companhia dela o suficiente para não mandá-la embora depois do sexo.
Conheço um motel bom, bonito e barato, e que ainda faz sucesso. Entramos na suíte e aconteceu de tudo um pouco. Meus pensamentos prévios não eram nada comparado àquela performance. Mas era apenas uma performance. Não era natural, não parecia natural. Era como se aquela mulher de corpo maravilhosamente esculpido tivesse aprendido todas as etapas do sexo num filme pornô de fundo de garagem.
Não que fosse algo ruim, era ótimo, fazia tudo certinho, mas era certinho demais. Não era espontâneo, leve, solto, livre, gostoso. Era mecânico. Senti como se ela quisesse me mostrar que era boa de cama para eu me apaixonar por ela. Não me apaixonaria nem que ela realmente fosse boa de todas as maneiras.
Ela me quis pelo meu corpo, afinal, não se interessou por onde eu trabalho ou o que eu estudo na Universidade. Perguntou onde eu malho, que baladas eu freqüento e que tipo de carro me pertence. Desculpa, fofinha, mostrou-se uma perfeita ‘maria-gasolina’, adorou os drinks gratuitos e quer tentar me fisgar. Não, não conseguiu. E não vai conseguir.
Não é uma crítica à roupa ou às adeptas as roupas curtas, mas apenas uma opinião de um homem que se interessa em mulheres de verdade para companheirismo, e em menininhas assim para diversão. Elas sabem que são gostosas e que nós as achamos gostosas e usam isso para chamar nossa atenção. O problema é que, após conseguir a atenção, elas não se interessam de verdade por nós. O real interessa se mostra no começo, na paquera, no flerte, na brincadeira. Nesse primeiro contato deve-se mostrar a quê veio. 
Essa loura linda vai, no máximo, para a geladeira. Mulher que preza mais o corpo à inteligência ou ao caráter é isso. Um lanchinho. Um passatempo. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Fall.

A cama era macia e seus braços, acolhedores. Dormi com você. Apesar de eu me mexer muito durante o sono, você não reclamou. Você apenas se acomodou juntinho de mim em cada posição que eu parava. Dormindo ao seu lado, sonhei com você. Sonhei que estávamos dormindo juntos. Não é incrível? Eu sentia o seu toque, o calor dos seus braços em mim, sua respiração na minha nuca, e me arrepiava inteira em meu sonho. Enquanto eu o sentia comigo, eu o via comigo. Mais realista que esse sonho, não deve existir.
Quando acordei, pensei que encontraria meu quarto escuro, como sempre. Abri os olhos e me vi em sua cama, no seu quarto, com você sorrindo e com um brilho diferente no olhar. Perguntei o que você estava olhando e por quê estava sorrindo daquele jeito, e você respondeu: 'Você sonhou comigo.' Fiquei espantada. Como você sabia? 'Você disse meu nome. E disse que me ama.' É. Sonhei com você. Enrubesci no mesmo instante e você, rindo, me beijou apaixonadamente. Encostou sua boca perto do meu ouvido e disse, num claro sussurro: 'Eu também te amo.'
Ah, como eu queria ser sua e ser ali mesmo, mas você tinha planos para o nosso sábado ensolarado. 'Café da manhã na cama para aquela que me ama', escrito num bilhete junto à bandeja em cima da cama, e eu não pude deixar de dar gargalhadas. Tão involuntário quanto foi o 'eu te amo', e era verdadeiro. Foi um sonho que não foi sonho. Eu realmente dormi com você, abraçados, enlaçados, enamorados. Eu te amo, e já te amava há algum tempo, mas a covardia era teimosa. Já devo ter feito declarações de amor dignas de filmes de Hollywood, enquanto dormia sem você.


Uma música tranquila, o sol entrando pela janela, nos convidando a aproveitar o dia belo e fresco de outono, nos convidando a comemorar aquele amor. Mas não dava vontade de sair da cama. Eu não queria sair dos seus braços, não podia sair de perto dos seus beijos, não conseguia ficar longe dali. Você já tinha planejado um dia inteiro, meu querido, mas eu o convenci a ficar em casa, na cama, em mim. Fazendo um joguinho esperto, abriu um belo sorriso e disse que 'tudo bem, tudo o que você quiser'. Acho que o fez para que eu me apaixonasse. Não era necessário. Eu já estava perdida. 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Nossos versos

Tudo começou de repente, como uma brincadeira. Pura diversão. E terminou tão rapidamente quanto tal início. Nos conhecemos melhor, e o que era para ser apenas sorrisos e bons momentos se transformou em lembranças e choros.
As lágrimas secaram, o tempo já passou, mas a memória gosta de voltar para me assombrar. Enquanto eu vivia um momento de minha vida cheio de tensão e negatividade, você me abraçou e deu brilho ao meu olhar. Com palavras bonitas em meio a beijos e carinhos, me fez acreditar, depois d muito tempo, que havia algo bom no mundo. E que era você quem iria me mostrar.
Quando eu achei que poderia mergulhar de cabeça, eu me joguei. Acabei batendo numa pedra e tendo que voltar. Voltar para uma realidade onde eu finjo ser uma solteira convicta que não pensa em se apegar, apenas em se divertir. Voltar aos dias em que me permito chorar apenas abraçada ao travesseiro. Voltar aos sorrisos lindos em frente ao espelho, ensaiando a melhor maneira de esconder a tristeza por trás desse olhar. A tristeza que só eu consigo enxergar.
Nossa história foi assim. O verbo é no passado, porque não existe mais "nós". Sinceramente, não tenho certeza se você algum dia pensou em nós dois com o coração. Se eu fui só um passatempo, não importa mais. Nunca importou realmente O que aconteceu já está morto. As raízes continuam firmes, mas as folhas já apodreceram e não há mais flores.
De repente, tudo começou. Durou pouco, e mais de repente ainda, tudo acabou. E o fim? "Happily ever after" é coisa de contos de fadas. Nosso poema foi breve e enfático, cheio de estrofes complicadas e rimas ricas. São as últimas linhas que me tiram o sono:
"E ele saiu feliz.
E ela ergueu a cabeça e enxugou as lágrimas."

sábado, 30 de junho de 2012

Simples assim. Eu quero.

Quero um amor. Não quero um amor de novela, ou um amor perfeito como nos filmes. Quero um amor com todos os seus defeitos, qualidades, erros e tropeços. Quero um companheiro, que me dê um chocolate quando eu estiver na TPM, que me escute quando eu quiser reclamar da faculdade, que me ature quando eu chegar cansada e estressada do trabalho. Quero um parceiro, que não faça o que eu faço, mas que me apoie nas decisões que eu tomar. Quero um amigo, que vá a qualquer lugar comigo e não reclame, que dê risadas com meus amigos e colegas, que vá ao shopping e aguente horas de indecisão feminina e ainda se divirta com isso. 
Eu quero uma fortaleza, onde eu possa me aconchegar e sentir que o mundo não pode encostar em mim, porque ali eu estou protegida. Quero um ídolo, em quem eu possa me espelhar e tomar decisões corretas sobre qualquer assunto da minha vida. Quero um conselheiro, com quem eu tenha a liberdade de falar sobre o que eu tiver vontade, sem vergonha, sem pudores, sem pensar doze vezes em cada palavra. Quero um confidente, em quem eu possa despejar meus mais íntimos sentimentos sem medo de repreensão ou incompreensão. 
Preciso de um ombro, o qual esteja sempre ali quando eu precisar chorar, seja porque briguei com minha amiga, porque tirei nota baixa na faculdade ou simplesmente por precisar. Preciso de um suporte, onde eu possa construir um mundo inteiro em cima, e que eu tenha certeza de que é forte o bastante para aguentá-lo.  Preciso de um sentimento, o qual eu sinta a cada minuto do dia, a cada respiração, a cada piscada, em cada poro, em cada palavra, em cada gesto. Preciso de uma confiança que se constrói aos poucos, mas que é forte o suficiente para não ser abalada por infantilidades e assuntos mal resolvidos. Preciso de uma palavra, um gesto, um carinho, um beijo, uma verdade.
Quero uma utopia, talvez. Mas quero. Preciso. Quero poder me sentir livre e, ao mesmo tempo, sentir que alguém se preocupa comigo. Quero ficar ansiosa, esperando um telefonema. Quero ficar tímida com um elogio ou um olhar. Quero ficar sem chão ao chegar perto. Quero sorrir sem medo e sem falsidade. Quero algo verdadeiro. Quero um amor do jeito que deve ser, do jeito que ele é feito para ser, do jeito que eu quero.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

"It's up to me, coração"

http://www.youtube.com/watch?v=VCV2kd7w77Q


"Rapte-me, camaleoa.
Adapte-me a uma cama boa.
Capte-me uma mensagem á toa.
De um quasar pulsando lôa.
Interestelar canoa.


Leitos, perfeitos,
seus peitos direitos
me olham assim.
Fino, menino, me inclino
pro lado do sim.


Rapte-me.
Adapte-me.
Capte-me.
It's up to me, coração.
Sem querer ser,
merecer ser um camaleão.


Rapte-me, camaleoa.
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas."


(Rapte-me Camaleoa - Caetano Veloso)

Essa música é cheia de coisas e de nada, não é?
Não sei, mas desde que a ouvi no programa da Regina Casé, nas vozes de Caetano Veloso e Maria Gadú, me apaixonei perdidamente por essa música. "Rapte-me, adapte-me, capte-me", me conquistaram de um jeito maravilhoso! Caetano é só amor, e isso cativa as pessoas. O Caetano como pessoa, honestamente, não me atrai muito, não. Mas ele tem uma inteligência, uma vivência de quem passou pela ditadura, por exemplo, de cabeça erguida, lutando e desafiando como podia, e hoje está aí, cantando, escrevendo, fazendo, vivendo, e feliz. 
Mesmo nas épocas difíceis, ele e tantos outros conseguiram escrever músicas belíssimas que todos conhecem ainda hoje, décadas depois, e músicas falando sobre amor. Nós, hoje, somos tão acomodados que não existem mais artistas assim, escritores como mesmo Caetano, mas Vinícius de Moraes, Machado de Assis, não existem mais. Piorando um pouco mais a situação da sociedade moderna, as obras de artistas tão consagrados são esquecidas, deixadas de lado, ignoradas, enquanto letras como 'ai, se eu te pego' são tratadas como sucessos que durarão séculos. Sempre tive uma vontade louca de conhecer tais 'figurões' da música e da literatura brasileira, e apenas pedir-lhes que me contem suas histórias. 
Uma insaciável vontade de aprender sempre algo novo, algo diferente, algo intrigante... Eu queria saber escrever músicas, poemas, histórias, contos, de amor, de esperança, de felicidades, mesmo em meio a tempos difíceis. Eu gostaria de ser capaz de pensar, refletir, querer, fazer um dia melhor que o outro, apesar das coisas ruins e pessoas contrárias que existem. Eles tinham essa capacidade, eles o conseguiam com tal facilidade e vontade, e talento, e força, e conhecimento... Com tudo o que falta nas escritas de hoje.
São letras e letras, palavras e palavras, todas com mensagens, com significados, falando da felicidade que não é impossível de ser alcançada, do amor verdadeiro e infinito que ainda existe no pior dos tempos, da esperança que não pode morrer dentro de cada um de nós, do futuro que sempre brilha e só depende da vontade de cada um, de um mundo bom que espero um dia existir.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Celebrar a pureza.

Dia dos namorados não é necessariamente uma data para se comemorar um relacionamento, mas uma época para se comemorar o amor. Existem várias histórias sobre o dia de São Valentim, dia no qual se comemora o dia dos namorados (oficialmente, no dia 14 de fevereiro), mas a mais consistente é de que um imperador proibiu a realização de casamentos, na tentativa de atrair mais guerreiros para seu exército. Valentim era um padre e continuou realizando casamentos em segredo, até que o imperador descobriu e mandou torturá-lo e executá-lo. Um mártir e um defensor do amor e suas manifestações, virou santo e hoje seu dia é comemorado por todos os casais do mundo.
O problema, a meu ver, é que as pessoas se concentram em comemorar o relacionamento ao invés de celebrar o amor. Sentir-se feliz ao ouvir uma voz, ao sentir um cheiro peculiar, ao olhar nos olhos de alguém, sentir-se feliz à simples presença de alguém é uma sensação muito diferente de qualquer outra já percebida. Ainda lembro o que eu sentia quando gostava de alguém. Quando o via se aproximando, as mãos começavam a suar, o coração palpitava de nervosismo, parecia que se tornava difícil respirar, as palavras tão ensaiadas ficavam com medo de sair, os pensamentos se tornavam turvos, e um sorriso se formava em meus lábios tão natural e instantaneamente. Tudo impossível de segurar, como é o amor, como é a paixão.
Cientistas querem nos convencer de que a paixão é apenas uma reação química do nosso corpo. Pode até ser, mas ninguém nega que é um misto de sensações, emoções, pensamentos e atitudes tolas. O que não se comenta muito é sobre os outros tipos de paixões. Uma pessoa não se apaixona apenas por outra pessoa, mas pode se apaixonar pela vida, pela profissão, pela escrita, pela leitura, pelas artes... E tem as mesmas sensações. Digo isso por experiência própria.


Eu sou extremamente apaixonada por livros. Fico feliz em pegar um livro em minhas mãos, em abri-lo, poder decifrar aquele conjunto de linhas pretas que formam letras, que formam palavras, que formam frases, que formam capítulos, que formam livros. Uma história diferente a cada livro, uma emoção diferente a cada página, uma lágrima, um sorriso, uma excitação. Com palavras, posso ficar irritada, angustiada, nervosa, excitada, feliz, empolgada, triste, piedosa, indignada... Sou apaixonada, e não é por outra pessoa, é por um livro, ou por livros. Sou promíscua? Agora que eu percebi que até que sou. Não sou apaixonada por um livro, mas por todos eles, pelas diferenças de capas, de texturas, de tamanhos, de letras, fontes, cores, cheiros, idades, personagens e mundos diferentes em que posso mergulhar sem ser atingida pelas facetas do mundo real.
Nesse dia dos namorados, eu vou celebrar o amor. Mas o amor em sua forma mais abrangente. O amor puro, verdadeiro, que pode surgir de qualquer coisa, a qualquer momento, sem qualquer motivo, em qualquer pessoa. Eu nunca celebrei um relacionamento. Os dias dos namorados que passei com alguém foram dias como outros quaisquer, sem presentes ou surpresas. Portanto, aprendi com a vida a celebrar o que é importante, o que nos faz feliz. O amor é honesto, sem preconceitos, puro, inocente, piedoso, confiante, imutável, infinito, prudente... Impossível descrever o amor, ou ditar todas as suas características. O amor é sempre correto, não importa como, quando ou com quem aconteça. O relacionamento pode não acontecer, mas o amor é o sentimento puro que não se pode controlar.
Celebre o amor, o que é puro e verdadeiro, o que é real e sincero. Celebre a vida, a capacidade de sentir, de respirar, de ver, ouvir e exclamar sentimentos, a possibilidade de repensar uma atitude, de pedir perdão e de perdoar. Celebre o brilho no olhar, o tremor nas pernas, o medo de o sentimento acabar, o conforto, a tranquilidade, a companhia, o cheiro, o toque... Celebre o bom da vida. Celebre o que faz viver. Celebre o amor.