terça-feira, 14 de abril de 2015

Falta abraçar a si mesma.


A sociedade não quer ter mulheres solteiras. Pelo menos, quer mulheres buscando romances. O mundo não quer mulheres que sabem o que fazer, quando fazer e por que fazer. Quer mulheres dependentes, que precisam de um outro ser humano para tentar alcançar a tão sonhada felicidade. Mas isso não está certo.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Como ele me conhece...

Estou no avião, indo encontra-lo. Não é fácil visitar minha família depois que me casei. Fui morar do outro lado do país por amor. Minha mãe não concorda com mudanças tão drásticas por alguém ou por um relacionamento, mas acreditei em meu amor e em meu marido. E somos felizes há três anos como éramos no começo.
Como todo relacionamento, tivemos um início conturbado, mas nos encaixávamos tão bem que os obstáculos foram sendo superados um a um, sem grandes impactos. Vejo minha mala e a agarro, indo em direção à porta para encontra-lo. Ele não tem flores ou um presente nas mãos. Não gosto. Quando viajo, quero apenas meu marido. Ele veste aquele sorriso que só usa quando me vê, seus olhos brilham como uma criança feliz. Chego perto, passo meus braços ao redor de seu pescoço e o beijo com ternura.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O motivo não importa mais

Ela ficou olhando seus punhos purpureando enquanto suas mãos empalideciam. Aos poucos, seus olhos ficaram pesados e ela sentia vontade de fechá-los, mas ainda conseguia resistir. Queria ver todas as etapas, todos os passos, tudo que pudesse. Suas mãos tremiam. “Como é rápido!”, pensou.

Não, sua vida não passou em frente aos seus olhos em poucos segundos. Ela não viu seu primeiro amor, sua primeira decepção, sua primeira mentira, seu primeiro beijo ou sua primeira bebedeira. Ela mal se lembrou de sua mais recente refeição, dos olhos mais lindos que já vira, do seu livro preferido ou do maior amor que já sentira. Isso é coisa de filme. Na vida real, esse momento é mais egoísta do que parece.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Preste atenção. Sempre.

Ele continuou me olhando. Fixamente. Não entendi o motivo da surpresa estampada em seu rosto. Ele estava assim havia alguns minutos. Estávamos sentados à nossa mesa preferida em um lindo restaurante, conversando e acertando alguns detalhes do nosso jantar de noivado, previsto para o mês seguinte. Enquanto eu explicava sobre vestidos, decoração e conferências antes do jantar, algo apitava intermitentemente. E me interrompia sempre.

Toda vez que o celular apitava, ele olhava, digitava alguma coisa e voltava a me encarar. Às vezes, ele realmente parecia prestar atenção. Outras vezes, ele só olhava o celular, a espera de mais um apito. E foi quando, após outro apito, ele pegou o aparelho, sorriu e digitou alguma coisa que minha paciência chegou ao limite.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Hoje, o jantar é por minha conta.

 Mandei uma mensagem de texto à tarde, dizendo que o jantar seria na minha casa, às nove horas da noite. Ele perguntou qual seria o prato principal. Era surpresa. Preparar o jantar foi muito fácil. Fiz uma sobremesa que ele adora: mousse de chocolate, com mousse de maracujá por cima. 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Enlouquecida

Acordo assustada, olho o relógio, checo o celular e volto a dormir. Essa é minha rotina noturna. Todas as noites. E a culpa é sua! E eu não gosto disso. Depois de levantar, uma coisa é certa: olhar o celular a cada dois minutos. Checar e-mails e redes sociais já é de praxe. Sempre procurando seu nome, seu rosto, suas palavras. E continuo não gostando disso.

Então, vem o seu ‘Bom dia’. O sorriso que aparece em meu rosto é quase irreconhecível. Há muito tempo eu não sorria desse jeito, com esse brilho no olhar, com esse suor nas mãos, com essas borboletas no estômago. Quero demorar a responder, mas não consigo, sou fraca demais. Quero saber como foi sua noite, como será seu dia e em quê você está pensando. Mas ainda não gosto disso.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Enquanto isso, na própria imaginação...


Comecei a entender. Sim, finalmente compreendi minha repentina fixação por leitura. Sempre gostei de ler, mas não da forma compulsiva que li os últimos seis livros em três meses. Leio no ônibus, no intervalo do trabalho, nas horas vagas, antes de dormir, ouvindo música, comendo... Achava apenas que estava ficando mais fascinada quanto às diferenças nas escritas de diferentes autores, nas capas, nas introduções, nas páginas, nos números, nos cabeçalhos e nos rodapés. Pensava que era normal, que o interesse havia aumentado, apenas. Mas não, não é isso.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mas entenda: são fases.


Lágrimas se juntavam à água do chuveiro que escorria em suas costas. Ela precisava desse banho. Ou achava que precisava. Na verdade, ela tinha a necessidade de se libertar. Respirar fundo, deitar na cama e dormir tranquilamente era um privilégio que ela não desfrutava há meses.
Ele entrou em seu cérebro como uma substância alucinógena. Ela provou uma, duas, três vezes e não conseguiu evitar: viciou-se. Ela mesma não entendia como, mas era mais forte que sua vontade. O cheiro, a pele, o calor, o toque, a voz, o beijo, o gosto, tudo era incrivelmente único, só dele – e dela. Era um relacionamento que se tornou obsessão. Ele veio, rápido, rasteiro, deu um beijo, fez amor, e se fez marcar na memória dela.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mais um vício, menos um controle.


Espero que você me perdoe por sair assim, de repente. Pode não ser agora, mas vai passar. Perdoe-me também por não conversar com você pessoalmente, como você merece, mas eu não conseguiria. Preciso respirar um pouco, sair desse mundo. Não sabia como contar isso tudo, como conversar com você sem magoá-lo. Sem me magoar também. Por favor, tente entender.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Aquele perfume...


Que calor! Sinto minhas pernas bambearem e fica difícil respirar. Ele está vindo em minha direção. Não fala uma palavra. Como ele consegue ser tão bonito? Eu me sinto um patinho feio e ele me trouxe para cá, para o quarto dele. Parece que estou pirando. Tento respirar. Ele continua caminhando, com calma. Ele sabe que não vou a lugar algum. Não tenho coragem de sair daqui.